As gémeas da Cristina e nós

“O caminho faz se caminhando”. E muitas vezes por tentativa erro. O cair levantar faz parte do percurso, até os nossos bebés o fazem até aprenderem a caminhar. Mas se orientamos os mais novos a caminhar porque não partilhar caminhos, experiências, vivências. Podemos suavizar outros caminhos, minimizar quedas…

E foi precisamente neste contexto que conheci uma mãe extraordinária, a Cristina. A cristina chegou até nós numa atividade comum ás nossas gémeas – a dança. Quando vi a Cristina pela primeira vez senti no olhar dela algo que se identificava comigo.

A vontade de satisfazer a felicidade e autopromover a saúde, a partilha, as regras e principalmente o gosto, levaram a Cristina e as suas gémeas a uma aula de dança. A mãe esbaforida entra pelo espaço com cada uma das suas gémeas pela mão para não se atrasar. Mas no seu rosto já estava estampado toda a manhã atribulada e ao mesmo tempo o seu orgulho por ali estarem a chegar.

Pensando que as suas filhas iriam ficar eufóricas com a sua primeira aula de dança, que há tanto pediam, logo se depara com o primeiro obstáculo. Uma delas não queria deixar a perna da mãe e a outra foi com um ar meigo, mas a medo…

Não consegui deixar de reparar nestes pormenores todos porque foi exatamente assim que as minhas filhas, que tinham entrado no ano anterior, tinham reagido. Não pude ficar indiferente e rapidamente chamei as minhas gémeas para as mais novas integrarem. E com alguma calma e persistência assim foi.

No olhar da mãe estava um orgulho imenso de as ver executar uma nova tarefa, mas ao mesmo tempo um olhar cansado. Revi me naquele rosto e rapidamente tentei uma troca de palavras. Posso vos dizer que foi simplesmente gratificante, para ambas. Logo ali naquele instante não nos sentimos sozinhas. Parecia que falávamos a mesma linguagem. Atropelávamo-nos a contar as nossas peripécias e ainda nos rimos das nossas dificuldades. Foi simplesmente sincero, sem filtros.

Rapidamente fomos trocando ideias, dúvidas e até mesmo desabafos. Foi neste instante que percebi que, tal e qual como nos aconteceu, poderia haver muito mais pessoas a sentirem se assim. Quando com a Cristina partilhei esta ideia ela logo se prontificou a partilhar connosco.

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